domingo, 24 de outubro de 2010

"Falsidade Ideológica"

Aproveitando a época de eleições, vou continuar escrevendo sobre a nossa tão amada e odiada política. Hoje falarei de algo o qual aposto que todos vocês conhecem: político falso.

Não precisa ser aquele político corrupto, safado. Nem colocar dinheiro na cueca, roubar e depois devolver em suaves prestações (achando que a atitude é um poço de ética), mandar o colega "engulir e digerir as palavras da maneira que lhe convir". Pra me dar raiva mesmo, me fazer pular sobre um rosto sorridente num papelzinho, basta o cara ser falso.

Nem me esforcei muito para lembrar de exemplos, porque nesse segundo turno existem dois fenomenais. E aposto que vocês também perceberam.

José Serra. Aquele mesmo (alguém viu o debate da Globo?) que disse que ia pegar a régua e medir as duas adversárias, e que Dilma e Marina tinham muito mais coisas parecidas do que quaisquer outros ali. Legítima defesa: como Marina, uma candidata medíocre, com seus 10% de intenções de voto nas pesquisas infalíveis, poderia ousar dizer que o plano de campanha de Serra era um mundinho cor de rosa (ou azul, sei lá). E que o de Dilma era azul (ou rosa...)? Eu hein!

Pois bem. O primeiro turno veio e vinte milhões de brasileiros provaram que estavam cansados de tucano bicando o PT, o PT caçando tucano. Votaram verde. E o que o Serra disse?

No seu primeiro discurso após a votação congratulou (essa palavra linda mesmo que ele usou) a Marina, "porque ela contribuiu pro jogo democrático no Brasil". Naquele tom de voz que automaticamente associo à falsidade - essas eleições estão me deixando paranóico. Depois inventou outra: que era um ambientalista convicto! Seus comerciais invocam pesquisas dizendo que 51% dos "marineiros" agora estão com ele. E etc, etc, etc...

Como pode tamanha cara de pau?

Vamos logo a outros exemplos porque eu poderia ficar o dia inteiro aqui falando do Serra.
Dilma. Sempre foi radical. Assaltava bancos para combater o regime militar. Foi guerrilheira. Pois bem. Povo brasileiro é um povo conservador, apesar de gringo achar o contrário. E uma certa posição da nossa presidenciável estava causando desagrados: o aborto. Ela era favorável à descriminalização. Sempre foi. Nessas eleições, vendo que o bicho estava pegando para ela por causa disso, nossa lulista resolveu, repentina e convenientemente, mudar sua opinião de vida inteira e se declarar absolutamente contra o aborto.

Muita coisa sobre ela é boato de internet, mas isto não é. (Convença a si mesmo com esse vídeo, 30 segundinhos só). Não parecem duas pessoas diferentes?

E não são só esses dois que são tão hipócritas, quem dera. Nosso próprio presidente, no auge da sua popularidade, só pra citar um exemplo, apóia Collor. Apareceu em um comício o elogiando . (comprovação aqui.) Este safado aí mesmo, que ele cansou de xingar! Sérgio Cabral, governador reeleito do Rio de Janeiro, não parava de criticar Lula. Era muito mesmo, lembro dessa época. Mas as sujeiras do submundo político contribuíram para uma aliança entre os dois, e Cabral de um dia pro outro passou a babar o ovo (só essa expressão mesmo) do presidente. E abandonou seus ex-padrinhos políticos da família Garotinho às moscas. E hoje os critica...

Enfim, sei que isso pode ser necessário para se manter no jogo político... Mas simplesmente não gosto dessas posições flutuantes. Por essa razão penso seriamente em anular meu voto no dia 31: vou estar jogando fora minha opinião, pode ser que um ou outro seja melhor, que o Serra vá privatizar tudo ou que o PT seja mais corrupto: porém, não consigo votar em nenhum dos dois. Se algum deles chegar lá, não vai ser com a minha contribuição, pelo menos.

Queria um dia ser um político ético só pra ver se é realmente impossível fazer essa combinação.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A Festa da Democracia

Tempo de eleições! É a festa da democracia, como dizia a música de um candidato por aqui. Muito bonito. Mas sabe aquelas festas, que às vezes passam dos limites e viram uma bagunça só? Me senti numa delas. Pena que nessa não dá pra sair de fininho. Só de avião.

Ressacas de festas da democracia anteriores? Não faltam exemplos.

Mensalão. Dizem que brasileiro tem memória curta. Lembram disso aí? Acho que sim, mas só pra resfrescar a memória: pagamento de propinas a deputados para aprovação de projetos de lei, malas de dinheiro correndo soltas em Brasília para saldar dívidas de campanha, o PT se afundando em um mar de corrupção, tudo comandado por homens de extrema confiança de nosso presidente e ele dizendo que não sabia.

Voltando mais ainda: Collor. A mesma corrupção. A única diferença é que daquela vez o Congresso não estava envolvido, então eles tiveram moral pra dar um chute na bunda do comandante. O que não aconteceu dessa última vez.

Mas voltando à festa em si, por que essa zona eleitoral? (entenderam? entenderam?) Por que Garotinho é campeão de votos no Rio de Janeiro, Heloísa Helena perde para Renan Calheiros eem Alagoas e Tiririca tem votação maior que Plínio Sampaio? Por que candidatos medíocres se elegem com votações medíocres, Weslian Roriz vai para o segundo turno em Brasília (vejam esse vídeo!), Lula apóia Collor, apóia Sarney, apóia Severino, apóia Dirceu e todos apóiam Dilma?

Vou tentar, em vez de ficar só reclamando, entender as causas dessa bagunça e citar minhas humildes propostas de mudança.

Leis eleitorais: um caos. Tentaram dar um jeito com a tal da fidelidade partidária. Realmente melhorou, mas como costuma dizer o Plínio: melhorar não resolve. É realmente frustante ver esse mar de partidos, cada um com menos ideologia que o outro, disputando vagas nas cadeiras de representação do povo. A vaga não é do povo, nem do candidato: é do (argh!) partido político.

Para quem não sabe, as cadeiras legislativas são distribuídas desta maneira: calcula-se um quociente eleitoral, que é igual ao número de votos válidos dividido pelo número de vagas disponíveis. Apenas as coligações que conseguirem atingir um número de votos igual ao quociente eleitoral tem direito a ocupar vagas. Se conseguir ter duas vezes esse número de votos, elegerá seus dois deputados mais votados.

Agora me digam: por que não o simples, eficiente e justo critério do número de votos? O sistema atual abre margem para a briga de candidatos em um mesmo partido, para alianças que já não fazem o mínimo sentido de existir, para a estratégia de colocar celebridades despreparadas para concorrer. Ou você pensa que Tiririca, Romário e Wagner Montes se candidataram apenas porque são palhaços engraçados que querem ajudar o povo?

Definitivamente, nossa democracia é uma zona. Não está dando certo, apesar de dar a aparência de ser perfeita, com urnas eletrônicas e tudo, uai!

Tudo isso nos induz a algumas soluções um tanto óbvias para resolvermos esses impasses, mas que surpreendentemente são muito difíceis de serem implantadas. Primeiro, começar a dizimar esse monte de partidos que tem por aí. Pode ser juntando todos, sei lá. Depois, acabar com a eleição proporcional: os mais votados são eleitos e acabou.

Se a desculpa é a ideologia de cada partido, já está mais do que provado: isso não existe na prática. Você não vota em alguém porque ele é do partido tal. Você vota em alguém por causa de quem ele é. Assim é a vida real.. Ou alguém votou no Romário (PSB) porque simpatiza com as teorias socialistas?

Aí sim, o mais importante, o mais óbvio, e o mais difícil de acontecer: investimento na educação. Só assim nosso país finalmente estará preparado para a dificílima missão de gerir a si mesmo. Com um povo qualificado, não só os políticos serão mais preparados, como todos pensarão melhor na hora de votar e as instituições públicas se tornarão mais eficazes (as que fiscalizam a corrupção, só para citar um exemplo).

Não adianta só crescer economicamente. Se nosso povo não se desenvolver junto, sempre seremos do terceiro mundo. Me desculpem: sei que isso é óbvio, já foi mais que falado. Vocês podem estar de saco cheio. Mas provavelmente vou repetir essa idéia até o fim da minha vida.


Obs: um consolo nessa eleições: Collor não se elegeu!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Mesa Redonda - Presidenciáveis

E aí, pessoal! Hoje eu queria introduzir uma dinâmica um pouco diferente aqui, não sei se vai dar certo.

Gostaria que vocês me ajudassem a fazer o texto, aí embaixo, nos comentários, que será em forma de debate. Tipo uma mesa redonda mesmo.Vou mostrar a opinião que tenho por enquanto sobre os principais candidatos à presidência, e então gostaria de ler a de vocês sobre o mesmo assunto; são válidas críticas, contestações, xingamentos, sei lá.

Faço isso porque confesso estar um tanto perdido e acho que uma discussão aqui, nesse espaço, o qual alguns de vocês já visitam a algum tempo (ou não?), pode me ajudar, e talvez a muita gente também.

Dilma: Pra mim, "a sombra de um líder", como disse FHC. Se não fosse o Lula por trás dela, acho que teria menos votos do que Ey-ey-eymael, o democrata cristão. Ela só fala de continuidade, continuidade, fazer igual, melhorar o que ta aí, ampliar. Só. Acho muito pouco. Não que antipatize totalmente com a ex-ministra: até gosto de sua história, guerrilheira na ditadura e dando aulas de marxismo, foi crescendo em sua vida profissional, assumiu o cargo mais importante do governo. Parece saber muito de administração pública e economia, o que me cativa. Acho que ela antigamente era uma daquelas chefes mal humoradas (o que simpatizo também, (!) : a idealizava como aquela mulher dura, chata, cobradora, que conseguia fazer as coisas acontecerem nesse país burocrático do cacete). Porém, obviamente, seus marketeiros tiveram de mudar radicalmente isso para as eleições: ela se arrumou, ajeitou o cabelo, ficou simpática, e tudo isso me pareceu muito forçado. Não gosto dela discursando ou debatendo. É muito evasiva, não responde as perguntas e só sabe enrolar.


Plínio: Não é apoiado pela mídia, portanto poucos conhecem. Meu coração está muito inclinado a votar nele. O cara foi o deputado que relatou o projeto de João Goulart, que propunha reformas sociais e que teve como contrapartida da direita a tomada do poder pelos militares. Foi exilado pela ditadura a partir daí. Não é qualquer um. Mas quando vou debater sobre suas propostas e ideologia com outras pessoas, recebo sempre um balde de razão e meu cérebro diz: não. Para quem não sabe, ele tem propostas socialistas bem radicais, como reestatização da Vale do Rio Doce e da Embraer, fim dos hospitais particulares e reforma agrária imediata. É um sujeito bastante inteligente e suas propostas são bem postas. Porém, sei que o socialismo já foi testado em diversos países, e não deu certo... Talvez mesmo pela arrogante natureza humana. Me parece muito difícil ele conseguir fazer tudo o que promete, ainda mais com a corja que terá de enfrentar no Congresso, no Senado, nos estados.. Ou seja, minha razão diz: não. Mas acho que sou socialista de coração: igualdade ainda é um sonho pra mim. Que tal tentar no Brasil? Não nas mãos de um ditador louco, mas de um cara realmente inteligente? Que tal? Que tal? Cala a boca, coração. Eu já disse: Não.


Marina: Uma mulher calma, tranquila. Mantém sempre o tom da voz, não faz "exagerismos" para chamar a atenção. Parece saber exatamente do que está falando. Tem ótimas propostas e uma idelogia formada: desenvolvimento sustentável é sua bandeira. Diz ser a opção que difere-se das demais. Não me parece muito firme como oposição ou alternativa, pois passou sete anos no Senado pelo PT e só saiu para ser candidata, e por um partido da base do Governo. Meu voto era dela com certeza até ser atacada duramente pelo Plínio - que eu até então não conhecia - durante o debate da Band . Ele disse que capitalismo e ecologia não podiam coexistir harmonicamente - não haveria como desenvolver políticas sustentáveis sem atacar diretamente o lucro. Genial. E ela não soube responder à altura. Faz as propostas parecerem muito fáceis de serem resolvidas, como se tudo fosse uma questão de boa vontade. E isso é bem perigoso.


Serra: o carequinha de novo, ele não desiste. Não sou de São Paulo, não tenho muitos detalhes comprovados na pele sobre ele, portanto se tiver algum paulista aí... Sei que ele é da direita (apesar de sentir que esse termo já não faz o menor sentido), não costuma criticar Lula pois sabe que a popularidade dele "tá que tá" (o que para mim não dá muita base para ele convencer alguém de que é melhor opção que Dilma), enfatiza muito em saúde (foi ministro da saúde e adora falar que criou os genéricos), cita constantemente um salário mínimo futuro de seiscentos reais (tipo de promessa exata a qual nunca podemos acreditar). Quer ser um novo FHC: é neoliberal até o sangue. Não concorda em nada com a política externa brasileira, tanto diplomática quanto comercial (já fez várias críticas ao Mercosul e a maneira de Lula lidar com Ahmadinejad) e planeja fazer do Brasil uma grande São Paulo, pois sempre martela a mesma tecla: quer repetir todos os seus projetos como governador no Palácio do Planalto. Mais uma vez... algum paulista aí?


Como o texto tá ficando grande, deixo pra discutir aí embaixo, se vocês quiserem, temas como educação, fidelidade à ideologia, segurança, o poder da mídia e das pesquisas eleitorais, talvez outros candidatos, e é claro, o personagem principal dessa eleição: nosso molusco, como diz o Leonardo.



Sei que meu voto não vai fazer a mínima diferença, mas e aí, pessoal? O que eu faço??

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Os Super Motoristas

Pessoal, não sei na cidade de vocês, mas aqui na região metropolitana do Rio de Janeiro tá tenso.

Mas tenso em relação a quê?

Em relação a inúmeras coisas, se formos pensar bem, mas quero falar só de um: o transporte público.

Quem vive aqui e usa, sabe. Serviços caros, mas ineficientes. Pouca segurança, pouco conforto, pouca opção, pouco respeito, tudo pouco, menos a tarifa. Até chicotada já teve. Mamãe diz que as passagens intramunicipais de Nilópolis custavam trinta centavos e já chegam hoje a dois reais. O preço do metrô era baratíssimo e hoje já temos a tarifa mais cara do país.

O que houve? Inflação? Desvalorização da moeda? Recessão econômica? Aconteceu alguma coisa com o preço do café? Não, nada disso.

A palavra chave do problema é a privatização. E para entedermos o porquê desta, precisamos analisar todo um contexto histórico no Brasil da década de 90.

Nesta época, com a queda do socialismo e coisinhas mais, a moda na política era o chamado neoliberalismo. Esta teoria econômica pode ser resumida em um ponto principal: redução da participação do Estado na economia (o prefixo neo serve para distingui-lo do liberalismo clássico, que tinha mais ou menos as mesmas premissas mas era muito diferente por ocorrer em outro momento da História). Um exemplo, que foi aplicado em diversoso países em épocas de crise, seria a diminuição da oferta de moeda pelos bancos centrais com o objetivo de conter a inflação.

Como a coisa 'tava preta' no final da década de 80 aqui no Brasil, com a inflação superando a casa dos dois mil por cento ao ano, algo devia ser feito. As teorias neoliberalistas foram aplicadas, o plano Real deu certo, a economia se estabilizou, Fernando Henrique Cardoso foi eleito, o PSDB ficou popular e Marcello Alencar tomou posse no estado do Rio.

E seguindo a lógica do neoliberalismo, vendo a situação precária no serviço de transportes no Rio, qual foi a idéia deles?

Vender tudo.

Na lógica neoliberal, quando o poder público se ausenta dos serviços, a qualidade aumenta, e o dinheiro das vendas das empresas pode ser usado em prol da população. Mas sabemos que não funciona bem assim. Os esquemas fraudulentos e a habilidade dos empresários de virar o jogo para si fazem com que essas vendas produzam recursos mínimos, e toda a idéia bonita por trás das privatizações caia por água abaixo.

Não posso chegar aqui criticando todo tipo de privatização, porque se formos pensar bem, antes delas serem realizadas, telefone fixo era luxo. Agora toda casa tem um. Mas essa ideia aplicada aos transportes públicos foi uma tremenda burrada.

Basta ver o metrô. A tarifa ficou enormemente mais cara, com a desculpa de expansão da malha ferroviária, o que ocorre a passos de tartaruga. Andei pesquisando e descobri que a principal empresa que faz a concessão do metrô é do banqueiro Daniel Dantas, que você já deve conhecer da TV e ficou famoso pelos esquemas mais mirabolantes do mundo da corrupção. E o contrato foi renovado por mais vinte anos recentemente, pelo nosso praticamente reeleito governador Sérgio Cabral.


Até quando nossas necessidades vão ficar nas mãos desses caras? Barcas e trens também seguem o exemplo do metrô e basta ver os noticiários: frequentemente acontece algo ruim por lá. As concessões de ônibus vão ser renovadas agora e meu pessimismo diz que pouca coisa vai mudar. Como já disse outras vezes aí embaixo, esses malucos só querem lucro. Por isso o Rio Card, que dá gratuidade a quem tem esses direitos, é limitado. Por isso, os ônibus da empresa Autodiesel estão caindo aos pedaços, só pra tomar um exemplo. Por isso, motoristas não param para os idosos que ficam horas no ponto esperando a benevolência deles. Por isso as pessoas revoltadas queimam o trem, sucateiam a bilheteria. E aí sim, nessas horas, a televisão vai cobrir pra ver o que está acontecendo.

A ganância por dinheiro é tal que agora eles querem acabar com a profissão de cobrador e estão colocando os motoristas para cobrar ao mesmo tempo que dirigem. Como os mesmos caras que proíbem o celular ao volante podem permitir uma coisa dessas? A desculpa deles é a mais esfarrapada possível: "com o aumento gradual do pagamento por cartões..." Mas caral... caramba! Se ainda tem gente pagando com dinheiro... Admite logo que vocês só querem diminuir as despesas e aumentar o lucro!

Apesar dos motoristas estarem sendo promovidos a super motoristas, nada de super salário.


Links


G1: três pessoas morrem por atropelamento enquanto motorista dava troco. Isso ai em 2007. E olha que diz que as discussões foram aceleradas...

Se quiserem saber mais sobre as privatizações (principalmente a do metrô do Rio).

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Obssessão Totalitária.

Os governos brasileiros, como se pode comprovar facilmente pela comparação entre o que dizem e o que fazem, acumularam ao longo dos anos uma vasta experiência em não cumprir compromissos.
Seja compromisso com suas obrigações, com suas promessas de campanha(...) e talvez a ultima agora seja a melhor de todas, seu compromisso com a Constituição.
Não sei se vcs viram (a repercussão foi enorme e tenho quase certeza que todos viram), a ocorrência de um inconstitucionalidade que eles tinham sancionado sobre liberdade de expressão,querendo calar humoristas em época de eleição.


Alem de informar, os meios de comunicação têm o dever de criticar os fatos.E isso pode ser feito sob forma de sátiras, charges ou qualquer outro formato. Acredito que o cidadão tem capacidade para fazer seu próprio julgamento de qual piada deve rir. Assim que a democracia funciona.O ESTADO não deve controlar o que devemos ou não saber, ou quem sabe... achar graça. Mesmo depois de ter passado por ditadura militar parece que nossos governantes não atingiram uma maturidade politica.

- Defender a liberdade de expressão ainda que, ela possa se voltar contra vc.
E o presidente Molusco manteve relações esquizofrênicas com o tema. Já reconheceu diversas vezes que deve sua projeção politica a imprensa que em tempos de regime militar, o acolheu com entusiasmo,como liderança popular emergente, mesmo correndo riscos.
E o que ele diz sobre o tema hoje? "Controle social da mídia",o nome talvez seja apenas para disfarça, fingindo que está se tratando de outra coisa. O único controle possível é o democrático, é o que está na lei, mais especificamente no código penal.
O tema no entanto não sai da moda, eh em Cuba,Coreia do Norte,China....onde ate o Google é censurado... Mesmo com toda expansão de ideias sobre direito humanos pregado no mundo todo.Não entrarei em questão sobre monopólios de imprensa ou qualquer outra história que venham ser teorias de conspirações. Pra mim,apenas uma coisa é certa : nenhum dano recorrente da liberdade de imprensa eh maior que os que ela ajuda a evitar.
Como dizia Thomas Jefferson:
- "O preço da liberdade é a vigilância eterna".
Lembrando: No dia 2 de Setembro, o Supremo Tribunal Federal liberou humor sobre políticos durante campanha.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma primeira aula de ciências e meus banhos

Durante os banhos, pessoas tem suas manias. Uns só se lavam, outros cantam, enfim, as mais diversas coisas. Eu tenho uma mania um pouco mais esquisita...às vezes gosto de imaginar aulas. E vou tentar escrever como penso que daria uma aula pela primeira vez para crianças que nunca viram Física ou Química.

Fala galera! Hoje vocês vão entrar em contato com algo novo. É meio diferente do que vocês já estudaram até aqui. Pode ser meio difícil pra alguns, porque precisa de bastante matemática. Mas este ano eu não quero fazer quase nenhum cálculo: só vou explicar como funciona o mundo.

Primeiro: sabia que o universo é todo regido por matemática? É, aquelas aulas chatas de geometria, álgebra, que vocês tinham, não foi à toa. Ano que vem, vou mostrar que tudo que ensinarei pra vocês este ano pode ser entendido e calculado através de equações matemáticas. Como a regra da natureza, desde antes do surgimento da vida, é de caráter numérico. Galilei já disse, "Numeros são o alfabeto com que Deus escreveu o mundo"!! Essa explicação de como funciona o universo se chama Física.

Vou explicar também do que vocês são feitos. Do que tudo é feito. É, vocês sabiam que existem partículas bem pequenininhas que se chamam átomos? E que tudo no mundo é feito disso? E olha que maneiro, vamos estudar dentro deles. Sabia que lá dentro dessas coisas tão pequenas que até hoje ninguém conseguiu ver, parece o sistema solar? Mas se ninguém viu, como sabem como é? Vou explicar isso também. Depois, vamos estudar como os átomos se ligam pra formar todas as coisas do universo. E como podemos manipular essas ligações pra criar coisas novas. Isso aí se chama Química.



A Física e a Química são muito interessantes. Com elas vocês vão entender por que quando a gente fecha a porta, a luz não entra mas o som sim. Vão entender por que nós nos refletimos no espelho, ou na água. Por que alguma coisa cai quando é jogada do alto. O que é gravidade? Por que o Japão tá virado de cabeça pra baixo mas ninguém lá cai pra cima. Por que dói quando você bate na parede; por que você vai pra frente quando o motorista do ônibus freia; por que vai pro lado quando ele faz uma curva. Por que as coisas tem cores diferentes. Por que quando misturamos algo quente em algo gelado, após algum tempo os dois têm temperaturas iguais. Por que dá pra viajar pro futuro: é tudo só uma questão da velocidade com que você corre. Mas cuidado: não há mais volta. Por que os carros poluem. Por que a vida na Terra pode acabar. E por que nós podemos nos salvar a tempo.

Vou explicar por que a água é tão importante pra gente. Por que ela vira gelo, ou vapor; como os óculos consertam a visão; por que o Nescau dissolve mais quando o leite é quente; o que é esse negócio invisível que sai das antenas nas emissoras de TV e chega aos nossos aparelhos, nos dando imagens e sons. Vou explicar do que são feitos os raios; por que não podemos ficar numa piscina, ou debaixo de uma árvore, durante uma tempestade, mas sim dentro de um carro . Vou falar também o que é o magnetismo: por que dois ímãs se atraem. Por que um íma na geladeira não cai? E a gravidade? Falando nela, por que um balão sobe? Por que você não sobe? Por que você não voa? E o avião que é bem mais pesado? Isso não é justo!

Já viram que essas são as matérias do porquê. Eu vou basicamente explicar pra vocês tudo que acontece na natureza. E como esse profundo conhecimento de suas leis nos dá a libertadora e ao mesmo tempo ardilosa capacidade de modificá-la. Quem for curioso vai com certeza gostar. E se essa curiosidade for intensa, vocês se tornarão, quem sabe, cientistas, pesquisadores, e vão ajudar a melhorar esse mundo aí que tá precisando demais.

Ia ser mais ou menos isso. Não como a minha professora, que na primeira aula de Física limitou-se a ensinar algarismos significativos. Até hoje lembro, traumatizado. Na oitava série não gostava de Física, pois achava que só servia pra "saber onde o trem estava." Motivação?

Mas ainda fico matutando aqui: iria só enganar os coitadinhos. Não é desse jeito que as coisas funcionam. Pra mim seria ótimo se no primeiro ano dessas ciências exatas os alunos não tivessem de fazer quase nenhum cálculo, não decorassem nenhuma equação: ênfase somente em fenômenos, despertando a curiosidade deles e o gosto pelas matérias. Depois, com mais maturidade, aplicariam tudo que aprenderam, matematicamente. Aahhh, isso é um sonho de um cara que ainda imagina uma educação de qualidade no nosso país. Eu tenho que parar com essas besteiras. Ninguém vai me dar atenção mesmo.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O saldo do descaso: “Indústria da Favelização”


“O fenômeno da favelização do Rio é conseqüência do relaxamento moral e jurídico”
(Bolívar Lamounier)

Quando você ouve a palavra “favela” qual é a primeira coisa que te vem em mente?
- Alguns diriam violência, outros carência, talvez pobreza ou apenas se lembrariam do tipo do lugar que a favela é, com suas casas e  população.
Na minha mente vem alta probabilidade de ocorrência de movimento de massa.
Ou seja, deslizamentos.

No Rio de Janeiro a alguns meses atrás ocorreu uma chuva fortíssima e por varias semanas, que escancarou a gravidade de um problema há décadas negligenciado: O incentivo oficial para a ocupação de encostas.

Tudo começou com os cortiços q eram formados por trabalhadores que trabalhavam no centro, e para não ter que enfrentar longas viagens de volta pra casa, ate pq o transporte era precário, simplesmente ocupou áreas próximas ao trabalho.
O tempo passou, o tempo voou e no começo do século XX, um prefeito chamado Pereira Passos, botou os cortiços tudo a baixo sem a menor indenização a população, que passou a ocupar o “Morro da Providencia”, os quais o mesmo esperava que o governo tomasse uma providencia.

As encostas são verdadeiros tobogãs quando ocorre chuva intensa, são completamente lavados perdendo sua fina cobertura de terra onde são implantados os barracos irregulares, não apenas pela complacência das autoridades, mas com sua ajuda.


Se o crescimento descontrolado das favelas é um drama, a impunidade dos criminosos que elas escondem é uma tragédia.
 Durante as décadas de irresponsabilidade por partes dos governantes, muitos morros foram ocupados um a um, e quando eu li, eu não acreditei....  Nos anos 80 o governador Leonel Brizola chegou a incentivar abertamente a ocupação. E dali fincava seus currais eleitorais,proibindo até a entrada da policia, formando um aval para o banditismo. A coisa ganhou uma escala tal que agora existe uma bancada fluminense a serviço da favelização.

Em troca de votos, eles prestam todo gênero de assistência aos moradores, de distribuição de dentadura a atendimento médico. E quando algum governante lança a idéia de remover uma favela, esses políticos são os primeiros a fazer pressão contra.

Não é exatamente por falta de diagnostico que na cidade maravilhosa que encanta visitantes do Brasil e do mundo, o Rio bem-humorado, o Rio que se prepara para ser protagonista da Copa do Mundo de 2014 e anfirião da Olimpiada de 2016 que casas desabam e pessoas morrem em épocas de chuva.O que falta é uma ação preventiva por parte de nossos administradores.
Para resolver determinada questões, é preciso coragem.Reunir bravura e determinação para enfrentar os intelectuais que gostam da miséria, as celebridades que acham natural conviver com malfeitores, e os engajados em causas supostamente nobres que fazem vista grossa para o tipo de habitação que essas pessoas vivem. Não é só a "industria da favelização", mas as "industrias da seca" e todas aquelas que ganham com a miséria dos outros.

Para um problema complexo, não vou dar uma solução simples: “remova as favelas”.
Algumas, o emaranhamento de uma ação desse tipo vai custar muito caro, e a urbanização dessas, sairia bem mais cômodo e barato, pois onde colocaríamos toda essa gente? É obvio que em alguns morros existe a necessidade de escoamento e existem estudos os quais determina qual encosta corre o risco de deslizamento ou não.

Eu não sou o dono da verdade, mas vamos ser sensatos. Do que adianta retirar essas pessoas das áreas de riscos e não submetê-las a assistência governamental?Do que adianta por UPP’S em certos lugares, se os bandidos vão ocupar outros ? A experiência mostra que, quando o Estado não ocupa o espaço, a desordem e em seguida o banditismo fazem esse trabalho. E o saldo disso tudo é sempre negativo. Pra mim, pra você, pra eles, e pra todo espaço urbano. Por que eles fingem em não saber disso?Por que essa necessidade de arriscar a vida dos outros, e brincar com a ignorancia dos mesmo, para que no final em uma troca de presentes se ganhe mais votos?

No Brasil, país livre de tsunamis, vendavais, vulcões e terremotos... Quem diria? O que mata é o populismo.